5.9.04

djangos do domingo

não sei quantas vezes os djangos tocaram no elam.o que importa é que sempre é bom. aliás, temos dado muita sorte de tocar em lugares legais. vide teatro odisséia, sundae tracks, etc.
o elam, para quem não sabe, é uma escola de música em jacarepaguá que tem um bom terreno e boa parte dele livre. leandro, dono da casa, tecladista diletante e agora vocalista de uma banda punk hardcore, há mais de 5 anos vem organizando eventos, entre eles, o ensaio aberto. com dois quilos de alimento não perecível, que vão para acão da cidadania, você entra e se diverte, escutando em alto e ótimo som, bandas independentes. já passaram por lá los hermanos, detonautas, mandril, grave, emo, go!, som da rua, jimi james, entre outros. tudo na paz.
domingo agora tocamos de novo. com o som melhor do que nunca. o público é novo, maior garotada. eles já estão começando a saber algumas músicas novas dos djangos. o trabalho de divulgação é lento mas começa a dar frutos. no meio das bandas de punk e hardcore, acho que somos os estranhos, uns branquelos obesos que tocam reggae e usam e abusam de delays. a galera que curte uma vibe antilhana se identifica. e uma vez ou outra os mais exaltados ficam pogando. tem umas garotas com umbigo de fora também.
estamos tocando com uma orquestra de músicos anônimos. percussionistas cubanos, operadores de sintetizador novaiorquinos, sambistas brasileiros. todos condensados num aparelho de md. falta um pouco ainda pra tudo ficar redondo. estamos na luta.
o show começou com "djanga music non stop", um dub reggae com lá lá lá no refrão que me deixa bastante emocionado. um problema no baixo impediu que emendássemos direto em "operação são jorge". aproveitei e mandei um pedacinho de um toast vagabundo, que há muito tempo não tocávamos. aliás, eu acho que a gente nunca tocou essa música. chamávamos de "radical reggae". nessa letra, eu falava "fazer uma faxina que aqui nunca se viu/em escritórios/ câmaras e senado/ o esquadrão da morte mais eficiente do brasil". ingenuidade a minha, né??? o esquadrão da morte deles está funcionando a todo vapor, por aí. tocamos, então, "operação são jorge", "mantra", "o alvo" - com uma galera entoando 'emamama êah" e "o baile".
iniciando o outro bloco com "raiva contra oba oba", dedicada a tom capone, afinal, foi ele quem produziu "raiva", em 1998. "i want to go back to bahia" veio logo depois. é interessante notar que muitas pessoas cantam o refrão dessa música, de lá da década de 70, que eu julgo meio obscura, meio de domínio dos nossos pais. a propósito, eu fui conhecer paulo diniz por causa do meu pai. ainda lembro do dia em que no centro da babilônia, na finada toc discos, eu escutei paulo diniz diniz cantando essa música. era muito estranho ele cantar em inglês com aquele sotaque de baiano. eu estava com meu pai nesse dia e ele comprou uma coletânea do paulo diniz, em vinil (é claro!) que tinha umas músicas muito boas. paulo diniz faz parte do meu imaginário musical. por causa do meu pai.
pô, que sacanagem!!! e ele nunca mais foi a um show da gente. há pouco tempo, eu tive a certeza de que ele foi a maior influência que eu tive na música. muita coisa que conheci veio dele, que escutava um som envevenado no toca discos, todo fim de semana. era chico buarque, bezerra da silva, os sertanejos de verdade, ed lincoln, simonal e vários outros. ele ficou puto comigo porque num show em 1998, eu fui ao microfone e mandei "obrigado, mãe!!!" e não falei dele. esse agradecimento, apesar de endereçado, foi mais um recurso de retórica histriônica. mas ele não quis saber. muito passional esse meu pai, hein???
o terceiro bloco foi iniciado com "eles me fazem chorar". eu queria ter dedicado para as crianças da escola na rússia. me contive porque poderia imprimir um tom deprê demais pro show. tenho pudor de ficar citando esse tipo de coisa também, porque não quero ser oportunista. nunca. em seguida: "jumping in tha slavequarter", com a orquestra de anônimos a todo vapor. em "roto rooter", pude ver o batera e o baixista do verbase, banda mineira de ubá, que no século passado nos levaram pra tocar lá. eles balbuciaram alguns trechos da letra, que aliás, é bem velha. saiu no paredão, coletânea da emi-odeon de 1996.pra fechar, sem despedidas formais, tocamos "onda e concreto", presente no tributo ao inédito volume 2. gostei do show. saldo final: mó barato!

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