7.3.05

na terra dos camisapreta

são gonçalo.
bnegão diz que lá é a terra dos "camisapreta".
ontem, cerca de dois mil deles invadiram um clube socio-esportivo, o mauá.
festival underground com 60 bandas em um só dia.
parece exagero, né? e é!
ainda mais quando fomos informados que só dariam 15 minutos de apresentação para cada banda participante. o quê?!?!?!?!?
isso mesmo, 15 minutos.
confesso que quando soube das regras do jogo, gelei. depois abstrai, afinal num evento assim várias coisas podem acontecer, há várias pessoas para conhecer ou reencontrar. em se tratando de são gonçalo ou niterói, lugares onde os kamundjangos tocavam quase todo fim de semana. que época boa.
chegamos de tarde e o local já estava apinhado deles, os camisapreta.
ao adentrar nas dependências do clube, encontro o ex-baterista do sex noise, henrique, que há muito tempo não via. ele hoje toca numa banda de thrash, chamada brutal noise. ele me mostrou o palco onde tocaria. na verdade, um palanque. pensei comigo (com todo respeito à organização): será que esse treco aguenta quatro metaleiros raivosos???
logo depararíamos o palco "one", onde os djangos tocariam com nelson e os gonçalves, noitibó, pic nic, bendis, the feitos. não parecia um palanque mas havia uma pilastra bem no meio, no melhor estilo néctar. enfim, pau na máquina.
em outro platô, reencontrei carlinhos natty dread e mangue boy. carlinhos vendia camisas rasta no passado e mangue boy é dj dos mc's hc entre outros. a eles e a outros convidados cabia a tarefa de botar as pickups para rodar, despejando som eletrônico, como hip hop, db, bigbeat e sei lá mais o quê. pra dedeh aka homobono, esse era o pico mais divertido. e para minha surpresa vários camisapreta estavam lá, dançando e tirando a maior onda. sob um céu azul de verão sãogonçalense (esse gentílico tá certo???) presenciar isso foi o maior barato.
os shows foram começar depois das 18 h. a essa altura, já podia se arriscar dizer que havia cerca de duas mil pessoas lá. o negócio estava bombando.
o som no palco one não estava legal, mas o que interessa?
tocamos depois da apresentação bombástica de bendis e nelson e os gonçalves, cuja performance ao vivo lembra aqueles clips do at the drive in. o baixista duda está lançando a moda de tocar com uma mochila ardida nas costas (ou ser. a certa altura ele tentou se desvencilhar do ornamento, ao tirar a camisa, mas os fãs não deixaram, clamando a volta do visual pixador-vagabundo.
o bendis tocou punk misturado com o ska, numa formação em que só o batera maurício, velho de guerra, sobrou do original.
antes te tocarmos, bateu a preocupação de que nosso md não funcionasse. por isso, o maestro j.j. aquino, teve a sacada de gênio de botar pra tocar nossa música de abertura, "lah lah roots reggae (djanga music non stop)" enquanto a gente ia se arrumando no palco.
isso chamou a galera para mais perto, antes do show começar.
com palco pronto, quase que tudo vai por água abaixo. mc dalai lama, nosso querido baixita, chega no microfone e saúda entusiasmado o povo de niterói. depois de um breve silêncio de constrangimento, achei melhor, num tom amigável, corrigi-lo. alguém deve ter rido. parecia até cena dos simpsons, quando eles sacanearam o spinal tap, em uma de suas turnês. e olha que esse foi o primeiro show do ano.
bem, com a liberdade artística típica de quinze minutos de apresentação, cheguei a pensar que não diria nem boa noite para as pessoas, que carinhosamente sempre vêm prestar atenção na nossa música. conseguimos emendando uma música na outra tocar 5 músicas.
tantas pessoas não acorreram para a frente do palco quando tocamos, mas aquelas que vieram estavam muito animadas. dançaram quando tocamos "mantra" e "raiva contra oba oba".
além disso, reencontramos velhas figuras como pedro de luna, léo rivera, thiago, o guerreiro, ludi um e outras já citadas.
foi uma tarde divertida com um show muito divertido. fora os pedágios cobrados no caminho, valeu a pena.
que comece o ano de 2005 para os djangos.