10.10.04

guadalajara

...daqui a pouco, eu conto essa história!

9.10.04

cauã - ano 1

carlyle, mestre das freqüências abissais dos djangos, está espalhando suas sementes pelo mundo. há um ano, nascia cauã, seu filho com ana paula dantas. hoje comemoramos seu aniversário.
viva cauã, viva carlyle, viva ana paula, viva djangos.
é nós!!!

josé amilton

não sei como é que o papo rolou, mas foi mais ou menos isso.
amilton é um atleta. corre longas distâncias, maratonas e coisa braba pra qualquer zé mané. ele trabalha aqui na nave-mãe da telemar no turno da madrugada. não é profissional, mas já viajou meio mundo correndo nas competições mais casca-grossa que via pela frente.
você já escutou falar dele? do josé amilton???
provavelmente, não irá escutar, já que amilton já está na casa dos trinta, numa trajetória descendente de performance, porém, rumo à categoria master, onde não fará feio.
acho que alguém tocou no assunto de vidas passadas, já que o outro interlocutor, paulão, um primo distante do kid vinil, é kardecista.
amilton relatou que esteve com algum preto velho nas cercanias da fazenda botafogo. na "conxulta", o vidente revelou que amilton nunca iria conseguir nada com o atletismo. ele poderia tentar e tentar, mas não iria ganhar fama e dinheiro com o esporte, e o pior, não ganharia medalha em olimpíada alguma. só restou a ele prosseguir nas competições, tentando, tentando e lembrando as outras palavras do preto velho, de que ele, em outra vida, tinha sido um campeão, e voltava agora com outra missão.
realmente, isso faz um sentido tremendo se formos analisar isso à luz do que reza o kardecismo. começando pelas sucessivas reencarnações e passando pelas chamadas "programações espirituais", que seriam acontecimentos, circunstâncias, condições escolhidas pelo próprio espírito na iminência de reencarnar. assim, por exemplo, você pode voltar com uma diabetes, uma paralisia cerebral, ou sei lá o que mais. um verdadeiro martírio para o espírito encarnado, mas que fora escolhido por ele mesmo, num estágio anterior ao seu próprio nascimento, a fim de evoluir intimamente, na grande comunidade dos filhos de Deus.
amilton disse que um corredor como robson caetano ou vanderlei cordeiro de lima é resultado de muito esforço, treino, sacrifício,concentração e, é claro, sorte. a sorte da predestinação, simplesmente acontece e pronto.
ele relembrou que algum tempo atrás era amigo do robson caetano, com quem corria e disputava. segundo amilton, robson, num esforço de memória e boa vontade, não conseguiria explicar como as coisas aconteceram para ele. e você sabe quem é ele, não sabe? seria robson caetano um escolhido??? seria ele um atleta como qualquer outro, que beneficiado pelo complô celestial, logrou em conquistar medalhas, fama e dinheiro?
se acatarmos que sim, estamos fudidos. metade da população pararia agora mesmo o trabalho que vem desenvolvendo em busca de um sonho, que nunca vai se realizar. é o que o galvão bueno chamaria de morrer na praia.
resignado, amilton cursa hoje a faculdade de educação física e espera os dias em que será professor, idéia que o atrai. "talvez essa seja a minha missão", ele arrisca.
vocês conhecem corto maltese? ele é personagem das histórias em quadrinhos de hugo pratt. um marinheiro, que viaja ao redor do mundo. maluco, aventureiro, porraloca! li que certa vez ele conversara com uma cigana, que lera sua mão. a quiromancia não lhe reservava coisa boa. a cigana viu que a linha da fortuna da sua mão era curta, o que significava que ele não seria rico. corto, então, numa tentativa, no mínimo inusitada, faz um talho na palma da mão aumentando "cirurgicamente" a sua linha da fortuna, alterando em tempo real a programação de seu destino.
foi essa historinha que me veio a mente quando escutei o relato do amilton. e também a minha.
vamos continuar na luta!
vamos ser felizes!

6.10.04

calma, minha gente, que o leão é sem dente

bangu, subúrbio do rio de janeiro.
na boca da madrugada, escuto, ao lado de vivi, um ronco grave. no sobressalto, desligo o ventilador. talvez esteja rangendo as engrenagens e possa começar um incêndio.
o ronco continua e a visão pela janela não esclarece nada. só há a rua, o terreno baldio em frente, onde se instalou um circo sarapa (que cobra dois reais por sessão pra adultos)
não tem relógio por perto. dali a algumas horas, ou a alguns quinze minutos, o vendedor de plano de saúde vai começar a funcionar.
a sucessão de roncos graves prossegue. não há mais a sensação de perigo. mas a curiosidade é atroz. que porra é essa? podem-se arriscar alguns palpites. uma máquina de fazer sorvetes, depenadores de carros cortando alguma lataria, algum dorminhoco ressonando violentamente...
momentos depois há os latidos de cachorros misturados, piorando o trabalho de investigação.
encontro o celular da vivi. marca cinco e alguma coisa. a nossa alvorada será às cinco e quarenta. conto ansiosamente o nosso resquício de descanso para perguntar à vivi que ronco é aquele.
o celular toca a campanhia e PRONTO!
"meu amor! meu amor!"
e vão um beijo no rosto e depois os afagos nos cabelos, respondidos com sofreguidão, preguiça e resistência. a nossa trilha sonora: os mesmos roncos de antes.
"meu amor! meu amor! que barulho é esse?"
"ahnnn! que barulho???"
"escuta!... esses aí, ó!"
"ah, é o leão do circo!"
meu deus do céu! como não imaginei isso?
um pobre leão africano passando suas noites de caçada, preso numa jaula de circo em bangu.
vivi diz ainda que sua mãe foi ao circo na sessão do sábado passado e viu que o leão estava desnutrido, com as costelas aparecendo.
ao saírmos, corri meus olhos por trás das grades do circo, mas não vi o leão.
que pena, meu lion zion!
que pena!

4.10.04

um instante

de manhã, às vezes de madrugada, quem respira e labuta é o vendedor de plano de saúde. com suas sucessivas abordagens e lutando por uma complementação salarial decente no fim do mês.
às duas da tarde, na nave da mãe da telemar, quem vive é mourão, cortador de terminais telefônicos. funcionário mediano, nada excepcional, hora sociável ao extremo, hora recluso em suas audições de mp3 expropriados via internet.
às onze da noite, quem grita, canta e arranha uma guitarra e sonha e explode grooves na boca, é marco homobono.
a jornada tripla há de ser recompensada qualquer dia desses.
vocês vão ler no jornal.
enquanto isso, um silêncio...