camilla pitanga fez um carinho nas minhas costas
olha, eu não muito de babar ovo de ninguém não, pagar pau e tal, mas há certas pessoas por quem eu tenho profunda admiração. na segunda década de 90, surgiram planet hemp (na época com o skunk nos vocais), acabou la tequila, funk fuckers, beach lizards, poindexter, piupiu e sua banda, gangrena gasosa, entre várias outras como o rappa. jj aquino, nosso baterista conheceu marcelo yuka, baterista da incipiente banda, na rua ceará, justamente num show do planet. depois dessa ocasião pudemos estar com o cara várias vezes, e ele chegou a produzir, junto com kamal kassin, guitarrista do acabou la tequila, nossa demo, intitulada "concrete django" , que acabou nos levando a um contrato com a emi-odeon, para que gravássemos a coletânea paredão, de 1996. yuka tinha uma personalidade muito magnética, era engraçado pra cacete e gostava de várias coisas dos quais a gente também gostava. além disso, era um suburbano que nem a gente, criado em campo grande e morando na tijuca.
nessa sexta-feira (02/09), yuka fez o que foi praticamente o primeiro show com sua nova banda, o f.ur.t.o., aqui no rio. o palco foi o do circo voador, onde em 95, ele foi ver um show dos kamundjangos, abrindo para o mundo livre s/a. "sangue audiência", o primeiro disco dos caras, eu ainda não digeri muito bem, mas junta vários elementos que me atraem muito, como as programações, as repetições do dubwise, as baterias eletrônicas, os timbres de teclados velhos e todo o clima, tudo costurado de uma forma que me deixou intrigado com todo o processo. e tudo isso ao vivo eu não poderia perder mesmo.
quando cheguei pensei que o público seria pequeno, mas estava cedo ainda, mostrando que eu perdi totamente a noção de como as coisas andam aí pela noite.
bem...
depois da banda de abertura, mpc, responsável pelos dubs ao vivo, e fundador do digital dubs, fez desfilar uma série de reggaes com o grave no talo. uma delícia. até hoje eu não vi o digital dubs em ação. tô mais por fora que pau de tarado. por isso foi bacana ver o velho mpc em ação com seus disquinhos compactos e apertando botões, junto com o dubmaster, uma cara que possui uma toca com um volume gigantesco dentro que não sei se esconde dreads ou o próprio cérebro expandido durante as sessions.
quase duas da matina (coitados do meu esporão calcâneo e da minha osteoporose), aí anunciam a entrada do f.ur.t.o. mpc e damien, que foi assistente de estúdio no disco raiva contra oba oba, sozinhos no palco, manipulam uns briquedos que fazem sons bacanas e dão um clima science à parada. uma galera fanática se achega para perto do palco gritando por yuka e por outros integrantes, que vão entrando pouco a pouco. "calibre 12" é o primeiro número e põe todo mundo para cantar (e cantaram mesmo) e dançar. um grave fudido de gostoso para ouvir. maurício pacheco, frontman acusado de ter uma voz parecida com a do falcão, do rappa, se sai melhor do que eu poderia imaginar e tira uns timbres muito bons de sua guitarra. jj aquino o acusa de tentar imitar philippe seabra, guitarrista da plebe rude. já falei para ele parar de se drogar.
fico intrigado com o mistério das programações. de onde elas partem? os bumbos graves são tão presentes. garnizé e jam da silva, eu posso escutar o que eles fazem no meio do bolo todo e bota bolo nisso. num intervalo de uma música, yuka diz que entrava no circo de antigamente, pulando a cerca junto com um monte de esfomeados sem dinheiro- num esquema que ficou conhecido como ratão, e que nessa noite ele fez questão de entrar no circo do mesmo jeito. não entendi muito o que ele quis dizer. em seguida, mandou as pessoas que desfilam de branco em manifesto pela paz pela orla da zona sul tomarem no cu (nesse momento mpc poderia ter posto um delay na voz de marcelo) e declarou que queria ver essas mesmas pessoas fazerem passeata na vila cruzeiro, na zona da leopoldina carioca. a pista aplaudiu e urrou em sintonia.
em determinado momento, alguém faz uma carícia nas minhas costas, como se estivesse me chamando. pensei que fosse alguém que eu conhecesse e que quisesse ficar ali comigo para ver o show. e realmente eu conhecia mesmo. era a camilla pitanga com a maior cara de fumada querendo passar para ficar mais perto do palco. há há, essa foi boa, hein???
por falar de mulher, o f.ur.t.o. tem uma menina chamada marion que toca teclados ou finge que toca, sei lá e canta também. no disco, há a participação especial de marisa monte na faixa "desterro". no show como não teve marisa monte, coube a marion fazer sua parte. e aí a menina fez bonito e me chamou a atenção.
bnegão fez sua participação especial e foi apresentado como pessoa muito importante na vida musical e social de yuka. cantaram uma versão de bob marley. sinistro que nem a fumaça de bernardo.
a certa altura não suportei mais a sede, a fome e as dores na coluna e na planta dos pés e me retirei. sentei na cadeira e o show acabou.
nos camarins, dona luísa, mãe de yuka me abraçou e me chamou de "meu cantor favorito" embora nunca tenha me visto cantar. foi muito bom ter visto ela. parecia que ela estava feliz, tanto o yuka parecia estar. cinco da matina chego em casa. dali a três horas acordaria novamente. ê vida de gado.
nessa sexta-feira (02/09), yuka fez o que foi praticamente o primeiro show com sua nova banda, o f.ur.t.o., aqui no rio. o palco foi o do circo voador, onde em 95, ele foi ver um show dos kamundjangos, abrindo para o mundo livre s/a. "sangue audiência", o primeiro disco dos caras, eu ainda não digeri muito bem, mas junta vários elementos que me atraem muito, como as programações, as repetições do dubwise, as baterias eletrônicas, os timbres de teclados velhos e todo o clima, tudo costurado de uma forma que me deixou intrigado com todo o processo. e tudo isso ao vivo eu não poderia perder mesmo.
quando cheguei pensei que o público seria pequeno, mas estava cedo ainda, mostrando que eu perdi totamente a noção de como as coisas andam aí pela noite.
bem...
depois da banda de abertura, mpc, responsável pelos dubs ao vivo, e fundador do digital dubs, fez desfilar uma série de reggaes com o grave no talo. uma delícia. até hoje eu não vi o digital dubs em ação. tô mais por fora que pau de tarado. por isso foi bacana ver o velho mpc em ação com seus disquinhos compactos e apertando botões, junto com o dubmaster, uma cara que possui uma toca com um volume gigantesco dentro que não sei se esconde dreads ou o próprio cérebro expandido durante as sessions.
quase duas da matina (coitados do meu esporão calcâneo e da minha osteoporose), aí anunciam a entrada do f.ur.t.o. mpc e damien, que foi assistente de estúdio no disco raiva contra oba oba, sozinhos no palco, manipulam uns briquedos que fazem sons bacanas e dão um clima science à parada. uma galera fanática se achega para perto do palco gritando por yuka e por outros integrantes, que vão entrando pouco a pouco. "calibre 12" é o primeiro número e põe todo mundo para cantar (e cantaram mesmo) e dançar. um grave fudido de gostoso para ouvir. maurício pacheco, frontman acusado de ter uma voz parecida com a do falcão, do rappa, se sai melhor do que eu poderia imaginar e tira uns timbres muito bons de sua guitarra. jj aquino o acusa de tentar imitar philippe seabra, guitarrista da plebe rude. já falei para ele parar de se drogar.
fico intrigado com o mistério das programações. de onde elas partem? os bumbos graves são tão presentes. garnizé e jam da silva, eu posso escutar o que eles fazem no meio do bolo todo e bota bolo nisso. num intervalo de uma música, yuka diz que entrava no circo de antigamente, pulando a cerca junto com um monte de esfomeados sem dinheiro- num esquema que ficou conhecido como ratão, e que nessa noite ele fez questão de entrar no circo do mesmo jeito. não entendi muito o que ele quis dizer. em seguida, mandou as pessoas que desfilam de branco em manifesto pela paz pela orla da zona sul tomarem no cu (nesse momento mpc poderia ter posto um delay na voz de marcelo) e declarou que queria ver essas mesmas pessoas fazerem passeata na vila cruzeiro, na zona da leopoldina carioca. a pista aplaudiu e urrou em sintonia.
em determinado momento, alguém faz uma carícia nas minhas costas, como se estivesse me chamando. pensei que fosse alguém que eu conhecesse e que quisesse ficar ali comigo para ver o show. e realmente eu conhecia mesmo. era a camilla pitanga com a maior cara de fumada querendo passar para ficar mais perto do palco. há há, essa foi boa, hein???
por falar de mulher, o f.ur.t.o. tem uma menina chamada marion que toca teclados ou finge que toca, sei lá e canta também. no disco, há a participação especial de marisa monte na faixa "desterro". no show como não teve marisa monte, coube a marion fazer sua parte. e aí a menina fez bonito e me chamou a atenção.
bnegão fez sua participação especial e foi apresentado como pessoa muito importante na vida musical e social de yuka. cantaram uma versão de bob marley. sinistro que nem a fumaça de bernardo.
a certa altura não suportei mais a sede, a fome e as dores na coluna e na planta dos pés e me retirei. sentei na cadeira e o show acabou.
nos camarins, dona luísa, mãe de yuka me abraçou e me chamou de "meu cantor favorito" embora nunca tenha me visto cantar. foi muito bom ter visto ela. parecia que ela estava feliz, tanto o yuka parecia estar. cinco da matina chego em casa. dali a três horas acordaria novamente. ê vida de gado.
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