"se dei bem"

O TEXTO A SEGUIR É ALTAMENTE PRECONCEITUOSO, ELITISTA E METIDO A BESTA. SEU AUTOR COMETE DOWNLOADS DE MP3 DE TRABALHOS DE MÚSICOS E COMPOSITORES DO BRASIL E DO MUNDO.
CIENTES DISSO, BOA LEITURA (OU NÃO!).

dedé está se dirigindo ao seu novo local de trabalho (mais detalhes qualquer dia desses). o ônibus que o recolheu passa pela principal avenida da cidade de deus e ainda não está lotado. três garotos, fazendo uso dos direitos assegurados pela famosa lei de gérson, aproveitam que a porta traseira se abriu e entram no clima "brasil hexacampeão". logo, a motorista (isso mesmo, "a" motorista), que dá categóricos "bom dia" para os passageiros que entram pela porta certa, informa, em tom sereno e educado: "senhores, a entrada é pela porta da frente. por favor, queiram reingressar no veículo". no que os três mulekes obedecem.
a cena não é rara e na god city em dias de praia rola adoidado. nessas ocasiões, segundo pesquisas do DATAFOLHA, a frase mais proferida é "pô, se dei bem!!!".
de um tempo pra cá, passei a desconfiar que o "se dei bem" deve ser o maior responsável pela padrão de vida ruim do brasileiro médio, daqueles que conseguem botar o focinho para fora do mar de cocô e respirar.
se eu não tenho dinheiro mas quero ir à praia, entro no ônibus pela porta de desembarque. dando seqüência ao padrão de comportamento, digamos que eu não quero ir à praia mas também não quero ficar suando em casa, então, vou ficar com o ar condicionado direto e foda-se todo mundo. gato serve para isso.
no aparelho de dvd, zeca pagodinho, em cópia não licenciada. ou então eu sintonizo a famosa rede paralela de tv por "ass-assinatura" netcat.
e por aí vou, vai e vamos.
acabamos tendo uma noção virtual do custo de vida ou simplesmente não aprendendo que tudo tem seu preço. dá-se um jeito, em vez de se lutar pelos desejos. adapta-se o que se tem ao que se quer e não o contrário.
os economistas devem ter um nome para o fenômeno.
alguém sabe?

malvados

fiquei um tempão lendo as tirinhas de andré dahmer. virei fã.
aproveitem.

conselhos de jerry adriani

estou sentado no sofá. na televisão está passando "ídolos", no sbt. em breve teremos um cantor ou uma cantora, que por ser finalista de uma bateria de testes e votos de telespectadores, será um sucesso. eles estão entrevistando jerry adriani, o renato russo da jovem guarda, que emite um valioso conselho àqueles que pretendem ser cantores de sucesso. "o artista não deve ser refém de sua carreira!". o apresentador, perplexo, lhe pergunta: "como assim, jerry?"
aê jerry, diz que quem lhe falou isso, há muito tempo, foi sílvio caldas."o artista não deve tirar seu sustento de sua música para não ser obrigado a fazer concessões", sentencia.
essa não! tarde demais, jerry!!!
acabei de assinar um contrato com a marca de sorvetes sglubt, sucesso aqui na zona oeste do rio de janeiro.
é verdade!
o marketeiro responsável pela campanha soube de minha situação financeira e me telefonou. relutei mas como ele disse que o comercial só vai ao ar pelo canal cnt, topei.
o contrato prevê minha participação numa série de comerciais em que o jingle é exaustivamente tocado.
comigo estarão kléber bambam, vencedor do primeiro big brother brazil e tati rio, egressa do mesmo programa.
no script, recebido via fax, hoje pela manhã, consta que "sorridente dedé, de perfil, canta um trecho do jingle; então leva uma casquinha com duas bolas (????) de sorvete, uma de creme e outra de morango, à boca, dá uma sorvida com vontade e sorri para a câmera, de preferência com olhos meio arregalados, expressando prazer e alegria".
bem, acho que vai ser até divertido, né?
perto de receber minha última parcela do auxílio-desemprego, tive uma tardia ótima idéia. imaginei propor ao cineasta barretão um reality-show em que um pretenso músico sobreviveria de seus parcos cachês (na maioria, salsichas fritas cortadas em rodela) e de saques de quatro parcelas de seu auxílio. na linha "super size me", de morgan spurlock o programa mostraria dedé a.k.a. homobono indo ao médico e fazendo exames clínicos antes e depois da "experiência", para avaliar as conseqüências de se tentar viver de rockn'roll durante quatro meses.
isso aqui não é europa, onde o auxílio perdura por dois anos, mas até que dá pra fazer uma festinha, né não???