27.9.04

djangos em niterói

em 1998, quando os djangos lançaram seu primeiro disco, tivemos a oportunidade de abrir o show dos paralamas do sucesso, no antigo metropolitan, hoje claro hall. oportunidade de ouro, pois eles estavam lançando o "hey na na", para uma casa entupida. apesar da oportuna apresentação, eu temia uma recepção hostil da platéia, que não quer saber de banda de abertura, né? contabilizadas as vítimas anteriores como o grande chico science e los pericos, agora ficaríamos nós, os intrépidos los djangos, na boca do lobo.
antes disso, dava pra vislumbrar tudo o que corre por trás de uma apresentação de uma grande banda, toda aquela movimentação de bastidores, o corre-corre dos roadies, etc. tudo muito excitante. lembro que nesse dia, o palco dos paralamas foi montado atrás do nosso. ora, bolas. melhor dizer que o nosso foi montado a frente do deles.
na hora do vamover, barone abriu as cortinas e nos apresentou para a platéia, a maior que enfrentamos até hoje.
os djangos, na época, um trio que tocava com um naipe de metais, e cometia um rock descaradamente infuenciado por ska, meteu o pé no acelerador. uma apresentação alucinada, exatamente para não dar fôlego a ninguém e não sermos enxotados. acho até que fomos bem recebidos. numa das pausas entre um bloco e outro, pequei minha garrafa d'água e perguntei despretensiosamente no microfone:"bebeu água?", citando o punk rock tribal da timbalada de carlinhos brown. inesperadamente, um teahuppo sonoro, formado pelas vozes de quase todos na pista me atropelou no palco: "NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!". a mim só restava sorrir todo bobo, num misto de felicidade e incredulidade. só isso aí já tinha valido a noite.
nossa apresentação terminou bem, sem vaias, sem tchauzinhos inconvenientes ou até tomates. mas se tivesse havido, na boa, qual teria sido o problema? como dissera nelson rodrigues, "a vaia é a verdadeira redenção".
ontem, dia 26 de setembro, tivemos a oportunidade de tocar antes do j quest, em niterói, no ginásio caio martins. boa ocasião. não sou muito de ouvir j quest, mas me amarro naquela música "só hoje" e hoje respeito musicalmente muitos os caras.
estranho foi saber que por trás daquela apresentação, havia uma movimentação eleitoreira do moreira franco, candidato à prefeitura de niterói pelo pmdb. seria quase que um showmício. os adversários de moreira entraram na justiça eleitoral embargando o evento. não conseguiram pois a organização conseguiu liminar e pôs o barco pra correr.
bacana ver que a tal da lap live montou um palco extra para cinco bandas desconhecidas do grande público se apresentarem antes dos mineiros. não muito bacana foi a posição do palco, lá no cantinho, escondido. só quem teve um pouco de curiosidade e a arquibancada do estádio caio martins, em dia de jogo do botafogo (4 a 3 em cima do paraná e fugindo do rebaixamento) deu de cara com as bandas de sangue novo. no programa, além dos djangos, pic-nic, noitibó, filhos da pátria e espelhos, tentando uma escalada num pau de sebo de 35 minutos de palco para se arrumar, tocar e se mandar. apesar dos pesares, tudo deu certo, até porque os djangos contaram com a ajuda dos amigos daniel e rodrigo safoman, como roadies. nenhuma confusão.
além das bandas, havia o dj mansur, grande responsável por estarmos lá, mandando som pra petizada. ouvi apollo 440, gang of four, bnegão, de leve, cypress hill, só coisa fina.
os djangos mandaram o crossover de reggae e barulho rockeiro de sempre.
nossa orquestra de anônimos foi sabotada pelo acaso e pela ignorância. em vez da percussa e teclados, o que se ouviu foi o outro lado do stereo que contém nada mais nada menos que um cowbell chato pra cacete em alto e bom som marcando o tempo certinho para nosso baterista, j.j. aquino. mó caído, aê!
mas tem nada não. da próxima vez isso não acontece. palavra de django.
por volta das 20h30m, o j quest entrou no palco montado dentro do ginásio do caio martins.
é empolgante ver, mesmo que não se goste de quem está tocando, o entusiasmo da platéia. toda aquela catarse (de repente, gratuita e calcada em pura lavagem cerebral marketeira - vão dizer os radicais) impressiona. do show dos caras, vibrei com um set ligado em techno e com pirações dub. foi a melhor parte de show, sem dúvida. pena que a massa com o cérebro cheio de sabão não tenha vibrado com essa viagem toda.
diversão, é tudo que a gente quer, né???
voltamos pra casa bem.
niterói é logo ali.

23.9.04

despedidas em tatooine e na guanabara

essa semana o sbt apresentou "a ameaça fantasma", primeiro filme da primeira trilogia de guerra nas estrelas, certo???
os integrantes do comitê jedi de jacarepaguá, por favor, podem me corrigir.
o filme é bobo demais. me decepcionei quando fui ver no cinema.
porém, no meio dessa sacarina toda, uma coisa ficou me remoendo os neurônios mais sentimentais.
descobrir que darth vader, na sua infância foi da ralé, um escravo de um bicho escroto, apesar de inteligente e jedi sem saber, num planeta desértico, chamado tatooine. certo dia, aparece outro jedi, um tal de qui-gon jinn, em missão rebelde, reconhece nele a força, e através de pequenas trapaças e golpes de sorte, leva-o embora do planeta e tira o menino da merda.
o momento crucial dessa minha comoção é quando anakim skywalker, como era conhecido até então, se despede de sua mãe, que não fora liberta nessa empreitada e por isso teria que ficar naquela insalubridade, naquele ostracismo.
sem poder levar a mãe, anakin a deixa pra sempre no planeta de areia.
a resignação da mãe em deixar o filho partir para seguir seu próprio destino é de dar pena. a despedida é triste, claro.
fiquei pensando numa realidade alternativa - já que no segundo episódio a progenitora morre assassinada pelo povo de areia - num futuro em que a mãe se encontra num asilo para idosos, em bento ribeiro, subúrbio do rio de janeiro. sem ninguém. seu único parente vivo é o filho. mas já no momento da despedida ela já sabia que nunca mais o veria. ela tem que guardar isso consigo, pois ninguém acreditaria que ela é mãe do negão.
pô, que situação, hein???
outra história triste de despedida foi a de uma colega aqui da nave mãe, uma trintona sarada e fogosa e liberal e desbocada.
houve uma época em que a menina era amante de um cara que por sua vez tinha uma noiva. a noiva era uma gorda e o cara não tinha mais saco pra aturá-la. os dois amantes se viam freqüentemente, e já não eram tão clandestinos assim. às vezes, ele marcava encontros em ruas muito próximas à da casa da noiva. era uma farra de sexo.
ela começou a gostar do cara mas fazia o jogo da sacanagem, pois ele reconhecia abertamente que só tinha desejos pela amante.
parece que a noiva descobriu a traição e decidiu antecipar a vaigem de mudança para os states, que já vinha sendo planejada há tempos.
diante dessa iminência de perda, ela, ao mesmo tempo em que declarava seus sentimentos sinceros, fez um pedido: que não se despedisse quando fosse embora. simplesmente ele não apareceria mais e ela, assim, saberia da partida.
a sacanagem continuou na mesma, até que ele sumiu. a viagem foi confirmada, mais tarde, por amigos em comum.
depois de anos e anos de ignorância e perda de contato, ela recebe um telefonema do cara, direto dos estados unidos.
parece que uma saudade louca bateu e ele pediu a amigos que vasculhassem o paradeiro dela, já que agendas e endereços haviam se perdido. talvez a noiva, agora esposa, tivesse rasgado.
antes do telefonema, um enviado especial já havia feito uma visita a ela, para pegar endereço, telefone, tipo sangüíneo e estado civil, claro.
o telefonema bomba, pude ver, foi recebido com surpresa. e o pior: trazia revelações perturbadoras. como a em que ele se diz infeliz, apesar de ter sido bem sucedido financeiramente na amérika. outra: era apaixonado pela amante, mas preferiu se manter encruado, interditado ao amor, pois estava comprometido com outros interesses.
meu deus! quanto prejuízo!
não adianta, tanto em tatooine como na nova guanabara, o que prevalece é o lado negro da força. o lucro sempre é o financeiro.
cadê o lucro pessoal, o lucro emocional?
o tempo baterá a nossas portas cobrando realizações pessoais.
e aí???
só lamentos.

18.9.04

como quebrar o gelo

o vendedor de planos de saúde é um cara sagaz e muito ágil com o trato das emoções. quase sempre sai intacto das suas abordagens e o máximo de prejuízo que lhe pode acontecer é um "não" de possíveis clientes.
é claro que, às vezes, essa regra pode sofrer exceções, para pior. o que siginifica desde reações indiferentes ao extremo a tentativas de agressão.
essa semana, ao entrar na sala de professores (ele está trabalhando em escolas), avistou um solitário mestre folheando o jornal esportivo. no dedo mindinho da mão direita, uma estrela alvinegra. a primeira página do jornal não estava trazendo boas notícias pra ele.
ele só queria desfazer aquela sensação de constrangimento que duas pessoas experimentam num primeiro momento em que se encontram. algo que os narradores futebolísticos chamariam de "quebrar o gelo".
um bom vendedor sabe exatamente como quebrar o gelo.
"é botafoguense, não foi dessa vez ainda, né??? he he!"
o homem levanta os olhos descobrindo o vendedor.
"quem é você?"
"eu estou mostrando aquele plano de saúde odontológico. vim aqui garantir que quando o fogão ganhe, o senhor tenha um sorriso muito mais bonito!"
"que merda é essa, rapaz?"
"como assim, professor?"
"eu te conheço, por acaso? tá falando que tenho dente podre?"
"não! não é isso!"
nisso entram outros professores na sala. parecem estar prestes a presenciar um assassinato ou uma solenidade de castração. a tensão é óbvia. o vendedor tenta pedir desculpas, contornar a situação.
talvez, ainda possa vender um plano para esse professor. a venda não pode ser desperdiçada assim. o que diria og mandino? e dale carnegie?
ele se aproxima do homem magoado em seus sentimentos.
"olha, o senhor vai entender quando eu explicar que plano é esse!"
"vai explicar porra nenhuma! você é muito engraçadinho!"
como o homem magoado se levanta da mesa, em atitude preocupante, o vendedor é puxado para trás pelo supervisor da escola, que aparece naquele momento, talvez uma providência divina.
"mas o que foi que você fez, rapaz???"
e ele com as bochechas vermelhas, envergonhado.
"eu só queria...eu só queria quebrar o gelo!"
aí, como o último ato daquela tragédia de erros, o professor magoado se levanta e grita:
"quem quebra gelo é picareta de esquimó!!!! seu puto!"
poderia ser pior, não é mesmo?
ele poderia ter usado o clássico "quebrar gelo de c... é r...!"
é como se diz por aí, vendedor: um dia da caça, outro do caçador.


16.9.04

djangos na fundição

o objetivo era levantar fundos para a asaac, ong que trabalha em são gonçalo, mais precisamente, jardim catarina. segundo um colega meu, tal plaga é o bairro mais populoso da américa latina.
no programa estavam os amigos marcelo yuka, gutz! e muhammad fazendo seleção sonora, free-style com marechal, don negrone e funk e barulho orgânico a cargo de djangos, solstício e confronto.
também teríamos break dance e escola de circo.
tudo isso numa quarta-feira, em plena fundição progresso.
eba!
olha, deu mais gente do que eu imaginei. na verdade eu poderia dizer que subestimei o público, mas isso nem vem em conta, pois eu perdi totalmente a noção de público carioca. estou reduzido ao elam, em jacacity, concrete jungle. tss tss!
eia a minha chance de encontrar velhos conhecidos como brunela e leo bastos, dois primos que acompanham a carreira dos djangos há muito tempo. eles iam gravar noso terceiro clip, "o baile", porém, um complô maldito impediu que o feito fosse a frente!
muito bom vê-los. inclusive, eles levaram uma câmera digital fodaça para o registro da noite.
revi marianinha e andrea wolf. mariana, fotógrafa, está acabando de finalizar seu documentário. a gente se conhece desde a época dos kamundjangos, quando ela ia com a gente pra são paulo, velhos idos. andréa wolf, membro da roda da solidariedade, ex-baterista do nocaute e atualmente em carreira solo, fazendo dub.
encontrei damien falcounier, olha só! daniem foi nosso assistente de estúdio lá no impressão digital. isso foi em 1998. eu acho que ele é de paris. na época, ele falava um português cheio de sotaque. mó barato ver como ele falava francês. um pouco depois ele embarcara como dj do inumanos. nunca mais tinha visto ele. até ontem. pelo que deu pra ver, damien está mais carioca do que eu. perdeu o sotaque e poderia ser confundido com qualquer local.
mó alegria. o cara é gente fina e tem um bom gosto. na época da gravação ele havia me emprestado um cd do salif keita muito bacana. era mesmo salif keita? eu achei que era o élson do forrogode cantando em francês. mas vamos lá!
fomos a última banda a tocar, lá pela boca da madruga. fomos bem recebidos. o som estava um bolo só, mas pau na máquina.
meia hora depois o show havia terminado. um figura ficou possesso, gritando "toca! porra!!!!". acho que era o bianchi, uma cara que escrevia sobre skate há um tempo. nunca mais o vira.
tive que sair correndo. dali a algumas horas, mais um expediente ia começar. essa vida de peão me sufoca.

11.9.04

suásticas na zona oeste

essa semana, o vendedor de plano de saúdes esteve em campo grande. obrigado a usar o sistema ferroviário fluminense, ele veio singrando lá da longínqua estação até a central do brasil. duração da viagem: 1 hora. boa parte dela em pé. a concorrência por assentos é grande. por quê, hein???
depois de poder desfrutar o intenso serviço de comércio informal circulando nas composições, doando seus ouvidos para a divulgações a plenos pulmões e as pregações compulsórias dos evangélicos, se flagra cabisbaixo, meio cansado. ao seu lado há um jovem sentado. veste uma camisa dos ramones, calça jeans e tenis all star. no bico de borracha encardida, desenhada a caneta há uma suástica nazista.
deve ser mó tiração de onda ficar desenhando esse tipo de coisa nas roupas, né???
no dia seguinte, enquanto estou aqui dentro da nave mãe da telemar, olho de relance, a mesa onde um colega está sentado. entre os papéis rabiscados, daquele jeito que se faz, quando estamos ansiosos ou aflitos, outra vez a suástica.
que porra é essa???
visto que esse colega mora em bangu, minha mente de pervertido já maquinou que na zona oeste do rio, nesse exato momento, há um ninho neonazista em operação. logo onde tem um bando de preto, paraíba e fudido, mutuários das cidades-dormitórios. é isso mesmo?
será coincidência?
será puro fascínio geométrico? ou estou me preocupando à toa com essas locubrações?
os amigos mais bem informados podem me ajudar nessa questão! por favor. mandem comentários.

8.9.04

oddie

após várias ameaças de morte, aconteceu: nosso querido oddie morreu!
envenenado, pelo que tudo indica, pois não quis largar uma salsicha que achou na rua e que deve ter sido sua última refeição.
minutos depois foi encontrado morto, com suas longas tranças rastafari - resultado de meses e meses sem ir ao pet shop para a tosa periódica e que o faziam ser chamado de "o mendigão da rua b".
subiu ao céu de cães, que eu cria existir há tempos e que prefiro acreditar que ainda existe.
nele, agora estão: murbi, tobi, fidel, oddie, django, léo e juju (esses três últimos, gatos, pois deve existir lugar pra eles também).
fiquei triste com isso. era uma criança boba!


5.9.04

djangos do domingo

não sei quantas vezes os djangos tocaram no elam.o que importa é que sempre é bom. aliás, temos dado muita sorte de tocar em lugares legais. vide teatro odisséia, sundae tracks, etc.
o elam, para quem não sabe, é uma escola de música em jacarepaguá que tem um bom terreno e boa parte dele livre. leandro, dono da casa, tecladista diletante e agora vocalista de uma banda punk hardcore, há mais de 5 anos vem organizando eventos, entre eles, o ensaio aberto. com dois quilos de alimento não perecível, que vão para acão da cidadania, você entra e se diverte, escutando em alto e ótimo som, bandas independentes. já passaram por lá los hermanos, detonautas, mandril, grave, emo, go!, som da rua, jimi james, entre outros. tudo na paz.
domingo agora tocamos de novo. com o som melhor do que nunca. o público é novo, maior garotada. eles já estão começando a saber algumas músicas novas dos djangos. o trabalho de divulgação é lento mas começa a dar frutos. no meio das bandas de punk e hardcore, acho que somos os estranhos, uns branquelos obesos que tocam reggae e usam e abusam de delays. a galera que curte uma vibe antilhana se identifica. e uma vez ou outra os mais exaltados ficam pogando. tem umas garotas com umbigo de fora também.
estamos tocando com uma orquestra de músicos anônimos. percussionistas cubanos, operadores de sintetizador novaiorquinos, sambistas brasileiros. todos condensados num aparelho de md. falta um pouco ainda pra tudo ficar redondo. estamos na luta.
o show começou com "djanga music non stop", um dub reggae com lá lá lá no refrão que me deixa bastante emocionado. um problema no baixo impediu que emendássemos direto em "operação são jorge". aproveitei e mandei um pedacinho de um toast vagabundo, que há muito tempo não tocávamos. aliás, eu acho que a gente nunca tocou essa música. chamávamos de "radical reggae". nessa letra, eu falava "fazer uma faxina que aqui nunca se viu/em escritórios/ câmaras e senado/ o esquadrão da morte mais eficiente do brasil". ingenuidade a minha, né??? o esquadrão da morte deles está funcionando a todo vapor, por aí. tocamos, então, "operação são jorge", "mantra", "o alvo" - com uma galera entoando 'emamama êah" e "o baile".
iniciando o outro bloco com "raiva contra oba oba", dedicada a tom capone, afinal, foi ele quem produziu "raiva", em 1998. "i want to go back to bahia" veio logo depois. é interessante notar que muitas pessoas cantam o refrão dessa música, de lá da década de 70, que eu julgo meio obscura, meio de domínio dos nossos pais. a propósito, eu fui conhecer paulo diniz por causa do meu pai. ainda lembro do dia em que no centro da babilônia, na finada toc discos, eu escutei paulo diniz diniz cantando essa música. era muito estranho ele cantar em inglês com aquele sotaque de baiano. eu estava com meu pai nesse dia e ele comprou uma coletânea do paulo diniz, em vinil (é claro!) que tinha umas músicas muito boas. paulo diniz faz parte do meu imaginário musical. por causa do meu pai.
pô, que sacanagem!!! e ele nunca mais foi a um show da gente. há pouco tempo, eu tive a certeza de que ele foi a maior influência que eu tive na música. muita coisa que conheci veio dele, que escutava um som envevenado no toca discos, todo fim de semana. era chico buarque, bezerra da silva, os sertanejos de verdade, ed lincoln, simonal e vários outros. ele ficou puto comigo porque num show em 1998, eu fui ao microfone e mandei "obrigado, mãe!!!" e não falei dele. esse agradecimento, apesar de endereçado, foi mais um recurso de retórica histriônica. mas ele não quis saber. muito passional esse meu pai, hein???
o terceiro bloco foi iniciado com "eles me fazem chorar". eu queria ter dedicado para as crianças da escola na rússia. me contive porque poderia imprimir um tom deprê demais pro show. tenho pudor de ficar citando esse tipo de coisa também, porque não quero ser oportunista. nunca. em seguida: "jumping in tha slavequarter", com a orquestra de anônimos a todo vapor. em "roto rooter", pude ver o batera e o baixista do verbase, banda mineira de ubá, que no século passado nos levaram pra tocar lá. eles balbuciaram alguns trechos da letra, que aliás, é bem velha. saiu no paredão, coletânea da emi-odeon de 1996.pra fechar, sem despedidas formais, tocamos "onda e concreto", presente no tributo ao inédito volume 2. gostei do show. saldo final: mó barato!

4.9.04

gutz! e kamille

gutz! é o nosso conterrâneo aqui da concrete jungle, jacarepaguá.
ele participou de nosso ep, fazendo as programações de duas de nossas músicas que ficaram muito boas.
o cara é muito gente fina e mora (bem, pelo menos morava) em jacarepaguá.
abri o rio fanzine de ontem e vi que ou o calbuque ou o tom leão, escutou uma música sua, chamada "em nome do senhor".
bati um fio pra ele, que estava panfletando na cinelândia para o evento da asaac, que vai rolar na fundição progresso, no dia 16 de setembro.
gutz! contou que a música é uma espécie de tributo ao crivella.
cá cá!
na mesma página do jornal, a amigo kamille viola também deixou sua marca, falando sobre a tratore, distribuidora de discos independentes que tem colaborado com a divulgação de várias bandas indies do brasil.
parabéns pra vocês!

lavradio

5 da tarde: banho de sol.
na rua do lavradio, a babilônia num sábado de sol e ventos frios, varrendo a alameda da feira de antiguidades. gente andando tranquila no meio da pista interditada, ao som do ministro gilberto gil, de lenine, jorge ben, funk'nlata e outros batuques.
na dieta: um suco de goiaba e queijo minas quente no pão francês. no cardápio animado dos arredores de 1 metro, 2 metros, 3, 4, 5, e com preços inefáveis, muita mulher bonita.
é uma miragem isso, ah, só pode ser.
em frente às caixas de som, um senhor negro, maltrapilho e na maior esportiva dança afoxé com os batuqes eletrônicos. bota um som na rua, e sempre dá um maluco lá pra dançar.
logo, um groove vem parar na minha boca. ô fábrica falida!!!
e o relógio marca.
6 da tarde: volta para as baias.
valeu, babilônia.

3.9.04

tom capone

puta sacanagem!
mó puxada de tapete do destino.
o bonde de 2004 está sinistro.
o tom produziu o primeiro disco dos djangos, junto com o barone, lá no impressão digital, um estúdio fodão da barra.
não foi nossa primeira experiência num estúdio grande. acho que por isso tive uma bagagem...humm, bagagem?? tinha uma trouxinha de experiência para ver que o tom era do cacete. um maluco. um workaholic. na época ela trabalhava com a penélope de dia e os djangos à noite e roncava de vez em quando no sofá. loucura. punk pra cacete.
fico imaginando que ele deveria estar muito feliz na noite do acidente. pelo menos isso.