djangos em niterói
antes disso, dava pra vislumbrar tudo o que corre por trás de uma apresentação de uma grande banda, toda aquela movimentação de bastidores, o corre-corre dos roadies, etc. tudo muito excitante. lembro que nesse dia, o palco dos paralamas foi montado atrás do nosso. ora, bolas. melhor dizer que o nosso foi montado a frente do deles.
na hora do vamover, barone abriu as cortinas e nos apresentou para a platéia, a maior que enfrentamos até hoje.
os djangos, na época, um trio que tocava com um naipe de metais, e cometia um rock descaradamente infuenciado por ska, meteu o pé no acelerador. uma apresentação alucinada, exatamente para não dar fôlego a ninguém e não sermos enxotados. acho até que fomos bem recebidos. numa das pausas entre um bloco e outro, pequei minha garrafa d'água e perguntei despretensiosamente no microfone:"bebeu água?", citando o punk rock tribal da timbalada de carlinhos brown. inesperadamente, um teahuppo sonoro, formado pelas vozes de quase todos na pista me atropelou no palco: "NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!". a mim só restava sorrir todo bobo, num misto de felicidade e incredulidade. só isso aí já tinha valido a noite.
nossa apresentação terminou bem, sem vaias, sem tchauzinhos inconvenientes ou até tomates. mas se tivesse havido, na boa, qual teria sido o problema? como dissera nelson rodrigues, "a vaia é a verdadeira redenção".
ontem, dia 26 de setembro, tivemos a oportunidade de tocar antes do j quest, em niterói, no ginásio caio martins. boa ocasião. não sou muito de ouvir j quest, mas me amarro naquela música "só hoje" e hoje respeito musicalmente muitos os caras.
estranho foi saber que por trás daquela apresentação, havia uma movimentação eleitoreira do moreira franco, candidato à prefeitura de niterói pelo pmdb. seria quase que um showmício. os adversários de moreira entraram na justiça eleitoral embargando o evento. não conseguiram pois a organização conseguiu liminar e pôs o barco pra correr.
bacana ver que a tal da lap live montou um palco extra para cinco bandas desconhecidas do grande público se apresentarem antes dos mineiros. não muito bacana foi a posição do palco, lá no cantinho, escondido. só quem teve um pouco de curiosidade e a arquibancada do estádio caio martins, em dia de jogo do botafogo (4 a 3 em cima do paraná e fugindo do rebaixamento) deu de cara com as bandas de sangue novo. no programa, além dos djangos, pic-nic, noitibó, filhos da pátria e espelhos, tentando uma escalada num pau de sebo de 35 minutos de palco para se arrumar, tocar e se mandar. apesar dos pesares, tudo deu certo, até porque os djangos contaram com a ajuda dos amigos daniel e rodrigo safoman, como roadies. nenhuma confusão.
além das bandas, havia o dj mansur, grande responsável por estarmos lá, mandando som pra petizada. ouvi apollo 440, gang of four, bnegão, de leve, cypress hill, só coisa fina.
os djangos mandaram o crossover de reggae e barulho rockeiro de sempre.
nossa orquestra de anônimos foi sabotada pelo acaso e pela ignorância. em vez da percussa e teclados, o que se ouviu foi o outro lado do stereo que contém nada mais nada menos que um cowbell chato pra cacete em alto e bom som marcando o tempo certinho para nosso baterista, j.j. aquino. mó caído, aê!
mas tem nada não. da próxima vez isso não acontece. palavra de django.
por volta das 20h30m, o j quest entrou no palco montado dentro do ginásio do caio martins.
é empolgante ver, mesmo que não se goste de quem está tocando, o entusiasmo da platéia. toda aquela catarse (de repente, gratuita e calcada em pura lavagem cerebral marketeira - vão dizer os radicais) impressiona. do show dos caras, vibrei com um set ligado em techno e com pirações dub. foi a melhor parte de show, sem dúvida. pena que a massa com o cérebro cheio de sabão não tenha vibrado com essa viagem toda.
diversão, é tudo que a gente quer, né???
voltamos pra casa bem.
niterói é logo ali.