31.7.05

baratos na ribeiro




c/ o programe

lah lah roots reggae/
operação são jorge/
mantra/
o alvo/
o baile/
raiva contra oba oba /
quero voltar pra bahia/
cabra marcado/
jumping in the slavequarters/
onda e concreto


avenidas largas por onde circulam ônibus pintados de vermelho. prédios altos, edifícios enferrujados e sobrados descascando. mulheres de meia idade perambulando de canga amarrada à cintura. umas gatinhas em carne tenra. fortões se exibindo. últimas tendências da moda do saara, uruguaiana e da adidas street. um frio que sopra na cara e que vem daquele mar logo ali. não o mar de madureira ou campo grande (nesse caso o mar de gente). eu quero dizer o oceano atlântico fora dos mapas dos livros de geografia.
puta que pariu, que deslumbramento barato. e logo por copacabana?
é isso aê!
por conta de mais uma apresentação dos djangos, estive em copacabana, zona sul. para completar meu deslumbramento, o céu estava azul novamente e esse show foi um pocket numa loja de livros usados, a tal baratos da ribeiro. uma loja situada numa das principais avenidas de lá e com uma vitrine digna de uma cena de "cortina de fumaça", aquele filme com roteiro/ou baseado em livro de paul auster. surreal para minhas retinas suburbanas.
galera gente fina e receptiva, como o maurício que tem voz de locutor de rádio fm de porto alegre. de repente, o cara é de lá mesmo. sei lá.
o espaço exígüo da loja faria que eu tocasse grudado no pedestal, o que causou um desconforto (como sempre pura falta de habilidade minha). lembrei do gato preto lá de niterói, onde por pura falta de espaço, levei vários porradas de microfone na boca porque a turba se jogava (in)voluntariamente nele, durante as músicas de maior apelo psíquico-frenético - no caso dos kamundjangos com aquele ska vagabundo misturado com punk, entenda-se todas.
na hora do vamos ver, depois da apresentação do radiola e antes do jimi james, vi que aquilo não seria fácil. tão perto da galera é o mesmo que estar nu. os olhos da platéia miram direto nos seus e não adianta apelar para aquelas minhas poses de ian curtis falido.
mas por simpatia, a audiência acabou aceitando nossos números musicais ( o mesmo repertório da lona de bangu, menos a arrastada e melancólica-festiva "agora não mais").
havia um garoto ruivo na minha frente, com cara de quem conhece todas as últimas novidades do rock alternativo do pelourinho (sente o drama), que se rendeu àquela barulhagem e não parava de dançar.
uma outra coisa, digna de uma nota muito emocional, foi a presença de minha irmã dayana na primeira fila. ela tira uma onda comigo dizendo que é meu teleprompter vivo. explicando melhor: já várias vezes, esqueci as letras me minhas próprias músicas e ela, sempre atenta, com sua memória tinindo, me socorria, articulando bem as palavras para que eu, sempre com pouco oxigênio no cérebro conseguisse entender. no sábado, durante a música "raiva contra oba oba", tentei incitar as pessoas a cantarem o refrão. "eu quero ver os livros cantando!!!". o intuito era que a audiência aderisse ao côro. mas ninguém se comoveu além de alguns amigões e dayana, que cantou alto e com vontade, sem medo de parecer ridícula. isso foi um ato de amor. amor de irmão. só depois, contabilizando os pontos a favor, eu percebi a grandeza de uma coisa tão rápida e pequenina. obrigado de coração, dayana. sempre vou te amar.
havia mais alguns desconhecidos, gente na calçada da livraria, para quem eu cantava de costas (exigências do espaço).

bem, tirando minha inépcia de não saber cantar e ligar minhas distorções sem olhar pro chão, eu acho que causamos uma boa impressão. ainda bem.
o evento serviu para que eu reencontrasse uma multidão de desaparecidos (se bem que o desaparecido sou eu). gente como a dominique, falcão, nossa artista gráfica hannah, marcos braggato, flávio flock,vital, marcelo pedra, elisa - que agora está casada e vários outros.
saudades de vocês.
semana que vem, milagrosamente, haverá mais um show. dessa vez, o nosso primo melvin permitiu que os djangos voltassem a tocar na famosa sundae tracks, da casa da matriz.
ano passado estivemos lá e tocamos com o kongo. foi maravilhoso. talvez, o melhor show daquele ano, é claro que nós só havíamos feito quatro apresentações, tirando o churrasco na casa do jj aquino. mas mesmo se tivéssemos feito cem, aquele da matriz estaria encabeçando geral.
nos vemos lá!

28.7.05

é dose...

...escutar seu silvinho pereira pedindo desligamento de seu partido, o pt, dizendo que continuará sendo um "lutador social".
o que será que quer dizer isso?
será que em algum momento de sua vida, esse senhor realmente teve alguma preocupação social?
de repente, sua preocupação social tem um foco localizado em como manter grandes empresas com seus ganhos prestando serviços para empresas públicas, como a PETROBRAX, por exemplo e, de quebra, conhecer os recônditos desse país a bordo de uma land rover.
eu tenho uma enorme curiosidade em saber em qual momento os idealistas se vendem. a exposição demorada a tentações, promessas e vantagens é implacável. quem aceita participar dessa pegadinha???
taí uma sugestão pra endemol (inventora do imprescindível big brother). um reality show onde ganha quem for menos corrupto. ou pode ser o contrário.

25.7.05

realengo



segundo o maestro jj aquino, baterista dos djangos, ganhamos a partida. mas de 3 X 0. ele falou que podia ter sido mais, uns 6 X 0.
não importa. foi bonito!
eu já estava esperando algo muito bom pra esse domingo. sabia que os djangos iam tocar num lugar muito bacana - a lona cultural de ralengo, tida como a melhor das lonas e que seria num domingo de sol de inverno. já era o suficiente. se evento era da grife cep 20000 do comandante chacal, aí então fechou.
por falar nisso, é louvável a iniciativa do chacal de dar uma sacudida na cena cultural da zona oeste, levando o cep para as lonas. uma ajuda aos artistas "abandonados" das adjacências é providencial. por isso, quando os djangos entraram no palco, tocando para uma platéia interessadíssima, eu repeti o que eu havia escrito num texto sobre subúrbio, há muito tempo na revista "o carioca", editada pelo próprio chacal. o título era: "as adjacências gritam: somos o rio de janeiro!"
não sou da polícia militar, por isso eu não sei estimar quantas pessoas estavam presentes. sei lá, umas 200. ou 300. de qualquer forma eram em número suficiente para fazermos a festa. o realengo samba funk, banda local, já tinha feito o maior estrago.
tocando por último, tínhamos maior tempo. então, incluímos duas músicas a mais do que havíamos ensaiado.
som maneiro. o bumbo ressoava na barriga e sacudia estruturas.
como sempre, não escutaram minha voz direito, mas entenderam alguns trechos das letras que eu cantei. que porra é essa???
pedro emiliano, cinco anos, meu sobrinho e hainoa, quatro, dançavam num canto do palco durante todo o show e conferiam um tom meio fellini mezzo famiglia à apresentação.
finalmente, o repertório de mais ou menos 10 músicas desceu bem.
um dos pontos altos foi a volta de um ska que fizemos mais recentemente, "cabra marcado", que foi oferecida pro marcos valério. letra de gutz!, ela diz na primeira estrofe: "liga a seta pra direita/ encosta e desce/ já rola um boato que você é a bola sete/ que teu anjo da guarda já está meio bolado/ preocupado afim de sair logo do teu lado (...)" espero que tenham entendido a oferenda.
enfim, fiquei feliz. aliás, ficamos felizes.
foi isso aê, amigos.
o próximo show é na baratos da ribeiro, copacabana.
lá poderemos reviver um pouco do que foram nossas apresentações na antiga berinjela, mítico sebo da babilônia hc, onde rolaram muitos bons shows.

22.7.05

fantochefe

de quinta para sexta, rolou mais um ensaio dos djangos. infelizmente, por motivos trabalhistas, os ensaios têm rolado nessas horas aê. ao terminarmos a barulhagem, comentei com jj aquino algo sobre o pt e essa situação. joão falou alguma coisa e continuou falando. o que me chamou a atenção foi que ele me cobrou uma declaração a respeito, visto que na página da comunidade dos djangos, em orkut city, eu havia postado uma pergunta a respeito da suposta participação de lula em todo esse esquema descoberto (e a se descobrir). perguntei, passei a bola mas fiquei na minha. quando cheguei em casa, fiz o favor de postar minha resposta:
"pra mim lula está envolvido. infelizmente.
do contrário, que tipo de chefe é esse que não sabe o que os seus subordinados fazem?
um fantoche?
um palhaço?
como falou o petry, colunista da revista veja (ihhhhhhh!!!!), ou ele é um inepto ou conivente. eis a questão.
é claro que o que está acontecendo agora, essa corrupção toda e esse fisiologismo, não é exclusivo do pt. vem de décadas, de séculos... mas eu esperava mais de um partido que tanto propalou sobre ética.
bola pra frente.
vamos montar um grupo guerrilheiro."
é isso aí!
se eu estiver errado na minha crença o lula é um bobão.
se certo, é farinha do mesmo saco.
nenhuma opção é boa.
e aí???
isso não é tudo. há muita coisa a se resolver e esclarecer. como solução temporadas em complexos penitenciários (abstraia-se aqui a figura de prisão domiciliar ou regime semi-aberto) ou o paredão para os responsáveis (alô bolsonaro!!!) seriam ideais.
com esse impasse, visto que já se fala em processo de impeachment, vem a dúvida: em que ou em quem acreditar agora?
lembro de uma vez em que eu e joão fomos à uma rádio comunitária em são cristovão, darmos uma entrevista. a certa altura, o apresentador do programa perguntou sobre política, e quem estava no poder na época era o fhc. o joão respondeu incisivamente que queria ver a esquerda no poder.
descontada toda a recente controvérsia a respeito do que é exatamente esquerda ou direita no brasil e no mundo, a eleição de lula para presidente representava claramente a "esquerda no poder" sonhada pelo joão e por vários cidadãos nesse país.
sim, e daí???
corrigir erros históricos da sociedade brasileira não é tarefa simples e nem coisa que se resolva em meses. todo mundo de bom senso sabe. o que se esperava é que fosse dado início a um processo que faria a tão propagandeada justiça social funcionar efetivamente. e essa justiça não é programa assistencialista barato e sim investimento maciço em educação, o que deveria ser prioridade em qualquer pauta governamental. isso, no entanto, parece distante e vai parecer mais ainda quando a obrigação constitucional orçamentária com educação for alijada e outros ajustes forem feitos. ah, não esqueça de acrescentar a essa pequena lista mecanismos político-econômicos que garantam uma distribuição de renda mais justa. o que enfrentamos entrementes é uma incapacidade tremenda de ascensão na porra da pirâmide social. parece que ser pobre é um karma financiado pelo governo neoliberal e algo próximo ao que aldous huxley já previa: a volta ao estrato social típico da idade média, sem menor chance de crescimento. o caranguejo já cantava "o de cima sobe e o debaixo desce!!!!".
pouco a pouco, o que pudemos ver foi a receita neoliberal em prática. desde pequenas notícias até a orientação econômica com a escolha de henrique meireles para a presidência do banco central, chegando até a expulsão dos rebeldes heloísa helena, luciana genro e turma, o que mostrou que algo já não era mais como era antigamente. fomos sendo gradativamente frustrados em relação a esse governo "de esquerda" desde seu início.
lembro de um amigo ter comentado que não votara no pt, porque o pt nunca havia roubado - até porque a "esquerda não o tinha tomado ainda. no poder, com a faca e o queijo na mão, aí sim, roubaria muito. eu escutei suas previsões com muita atenção mas sem muita fé. imagine a cena: um monte de barbudos pobres e recalcados invadindo os palácios esperando as receitas e as arrecadações jorrarem nos cofres, agora por eles controlados, para fazer a festa. era óbvio demais e, por isso mesmo aconteceu.
até o filho do lula, que segundo consta era um subempregado antes da ascensão do pt, agora é empresário promissor do ramo dos games, com uma força da telemar, empresa irrigada com dinheiro público.
e é engraçado que o estopim disso tudo foi o seu roberto jefferson, que agora desfila como herói. quem diria, hein?, aquele advogado fofo a quem, na década de 80 (creio que não existia a cirurgia de redução de estômago), eu vira várias vezes no povo na tv, programa hiperpopulista, sensacionalista e assistencialista da tvs - hoje sbt - que trazia ainda wilton franco, wagner montes, cristina rocha, o paranormal roberto lengruber, sérgio mallandro... (só faltava o joão kléber).
bem, já escutei muito que o saldo de todas as cpi's é sempre positivo, porque sempre se expurgam alguns males desse universo sórdido da política partidária. mas a fila da estupidez é grande.
não queria dizer isso não, mas vai acabar em pizza. a tradição brasileira permite essas armações, sempre ao se apagarem as luzes. espero que daqui a uns três escândalos, ao longo dos tempos que virão, o resultado seja quebra-quebra, linchamento em praça pública e banimento.

20.7.05

lesson 4

(ao som do dj shadow)
lição número 4, escrita na tabuleta na porta de entrada:
ter escrúpulos na selva é a maior furada.

16.7.05

o mini-espaço cultural

o dj gutz é locatário de uma providencial sala comercial no coração da babilônia. é lá no décimo nono andar, com uma vista aérea da praça tiradentes que deixaria frank miller com cara de bocó, que gutz fica criando seus sons, crossovers de eletrônica, batucadas de samba, grooves matadores, vapores de álcool e rede de balançar.
às sextas-feiras, esse exígüo local se transforma no que ele chama de "mini espaço cultural foda-se".
uma galera bacana - meninas bonitas incluídas - vai pra lá, canta, dança e toca bateria e percussão em cima das bases que o dj dispara. é algo parecido com a afrociberdelia que chico science definia no seu cd homônimo, o segundo com a nação zumbi.
o bagulho fica bacana.
nessa sexta-feira, dei um confere no pico, ladeado pelo colega da nave-mãe da telemar, bernardo. em pleno frio de julho, a sala fervia.
também pudera, tremenda turba lá dentro, dançando e serpenteando sob um globo espelhado, estilo john travolta.
não demorou muito, o dj alucinado ligou um microfone e entregou na minha mão. normalmente, eu ficaria algo inibido, relutaria e as pessoas falariam "ele tá fazendo doce!! viadinho". mas essa rotina massackqrante da telemar, transformou-me por uns momentos num arremedo de rudeboy. bem, era o suficiente para entoar uns pastiches de raggamuffin, aproveitando de j.j. aquino, baterista e sociólogo dos djangos,
estava presente e assumira as baquetas e érico, baterista dos lammas estava no derbak.
tentei incitar os presentes. e consegui. pelo menos vi uma garota rindo da minha cara. ah, normal.
ela deve conhecer a discografia do yellowman de cabo a rabo. ah, teve o fábio gimene cantando comigo um pedaço de "o baile", sucesso virtual do primeiro disco dos djangos.
foi só um pouquinho. foi legal. foi gostoso.
depois o dj detonou banda black rio, fausto fawcett, otto (do disco condom black), jorge benjor... e a turma dançava alegre.
depois de uma cerveja furtada, fui embora.
mó barato.