baratos na ribeiro
c/ o programe
lah lah roots reggae/
operação são jorge/
mantra/
o alvo/
o baile/
raiva contra oba oba /
quero voltar pra bahia/
cabra marcado/
jumping in the slavequarters/
onda e concreto
avenidas largas por onde circulam ônibus pintados de vermelho. prédios altos, edifícios enferrujados e sobrados descascando. mulheres de meia idade perambulando de canga amarrada à cintura. umas gatinhas em carne tenra. fortões se exibindo. últimas tendências da moda do saara, uruguaiana e da adidas street. um frio que sopra na cara e que vem daquele mar logo ali. não o mar de madureira ou campo grande (nesse caso o mar de gente). eu quero dizer o oceano atlântico fora dos mapas dos livros de geografia.
puta que pariu, que deslumbramento barato. e logo por copacabana?
é isso aê!
por conta de mais uma apresentação dos djangos, estive em copacabana, zona sul. para completar meu deslumbramento, o céu estava azul novamente e esse show foi um pocket numa loja de livros usados, a tal baratos da ribeiro. uma loja situada numa das principais avenidas de lá e com uma vitrine digna de uma cena de "cortina de fumaça", aquele filme com roteiro/ou baseado em livro de paul auster. surreal para minhas retinas suburbanas.
galera gente fina e receptiva, como o maurício que tem voz de locutor de rádio fm de porto alegre. de repente, o cara é de lá mesmo. sei lá.
o espaço exígüo da loja faria que eu tocasse grudado no pedestal, o que causou um desconforto (como sempre pura falta de habilidade minha). lembrei do gato preto lá de niterói, onde por pura falta de espaço, levei vários porradas de microfone na boca porque a turba se jogava (in)voluntariamente nele, durante as músicas de maior apelo psíquico-frenético - no caso dos kamundjangos com aquele ska vagabundo misturado com punk, entenda-se todas.
na hora do vamos ver, depois da apresentação do radiola e antes do jimi james, vi que aquilo não seria fácil. tão perto da galera é o mesmo que estar nu. os olhos da platéia miram direto nos seus e não adianta apelar para aquelas minhas poses de ian curtis falido.
mas por simpatia, a audiência acabou aceitando nossos números musicais ( o mesmo repertório da lona de bangu, menos a arrastada e melancólica-festiva "agora não mais").
havia um garoto ruivo na minha frente, com cara de quem conhece todas as últimas novidades do rock alternativo do pelourinho (sente o drama), que se rendeu àquela barulhagem e não parava de dançar.
uma outra coisa, digna de uma nota muito emocional, foi a presença de minha irmã dayana na primeira fila. ela tira uma onda comigo dizendo que é meu teleprompter vivo. explicando melhor: já várias vezes, esqueci as letras me minhas próprias músicas e ela, sempre atenta, com sua memória tinindo, me socorria, articulando bem as palavras para que eu, sempre com pouco oxigênio no cérebro conseguisse entender. no sábado, durante a música "raiva contra oba oba", tentei incitar as pessoas a cantarem o refrão. "eu quero ver os livros cantando!!!". o intuito era que a audiência aderisse ao côro. mas ninguém se comoveu além de alguns amigões e dayana, que cantou alto e com vontade, sem medo de parecer ridícula. isso foi um ato de amor. amor de irmão. só depois, contabilizando os pontos a favor, eu percebi a grandeza de uma coisa tão rápida e pequenina. obrigado de coração, dayana. sempre vou te amar.
havia mais alguns desconhecidos, gente na calçada da livraria, para quem eu cantava de costas (exigências do espaço).
bem, tirando minha inépcia de não saber cantar e ligar minhas distorções sem olhar pro chão, eu acho que causamos uma boa impressão. ainda bem.
o evento serviu para que eu reencontrasse uma multidão de desaparecidos (se bem que o desaparecido sou eu). gente como a dominique, falcão, nossa artista gráfica hannah, marcos braggato, flávio flock,vital, marcelo pedra, elisa - que agora está casada e vários outros.
saudades de vocês.
semana que vem, milagrosamente, haverá mais um show. dessa vez, o nosso primo melvin permitiu que os djangos voltassem a tocar na famosa sundae tracks, da casa da matriz.
ano passado estivemos lá e tocamos com o kongo. foi maravilhoso. talvez, o melhor show daquele ano, é claro que nós só havíamos feito quatro apresentações, tirando o churrasco na casa do jj aquino. mas mesmo se tivéssemos feito cem, aquele da matriz estaria encabeçando geral.
nos vemos lá!